Painel do ‘Summit Imobiliário’ discutiu o que diferencia um imóvel de alto padrão, um segmento em alta em São Paulo há cinco anos
O mercado de imóveis de alto padrão tem visto uma demanda muito consistente nos últimos anos, aponta Arthur Monnerat, diretor comercial e de marketing da Lindenberg. Para ele, que falou sobre o tema em painel do Summit Imobiliário 2024, isso ajudou a puxar o crescimento do setor.
“Percebemos o mercado com uma demanda boa. Eu tenho um pouco a impressão de que, no final do dia, todo o crescimento sendo observado no segmento tem muito mais a ver com o comportamento do consumidor do que com estrutura econômica. Até porque não temos um cenário econômico em que o PIB cresce 5% ao ano, não temos inflação muito baixa e a própria produção também não diminuiu os custos”, afirma. “Passamos por um momento muito bom que parece ter a ver com o consumidor passando a entender que o investimento em um negócio imobiliário de alto padrão vale a pena”, diz.
Fábio Tadeu Araújo, CEO da Brain Inteligência Estratégica, concorda com a avaliação. “Desde o início da pandemia, todos os anos o mercado cresceu. Não teve nenhum ano de estabilização e nenhum ano de queda. Então o mercado de São Paulo vive cinco anos seguidos de alta no mercado de alto padrão. E a única variável que não mudou nesse período foi o comportamento do consumidor, de continuar buscando imóvel de alto padrão, já que taxa de juros, expectativa do governo, desemprego, custos e inflação foram uma ‘gangorra’”, diz.
Fábio aponta que, antes da pandemia, apartamentos a partir de R$ 2 milhões representavam 3% do mercado de São Paulo. Hoje, essa participação é de quase 6%. E em VGV, representa 30%. “O crescimento foi muito forte”, diz.
Para Cyro Naufel, diretor de relações com investidores da Lopes, o crescimento do mercado de alto padrão veio não somente da questão do consumidor, mas sim de um “alinhamento de astros”. A Lopes criou neste ano uma divisão de negócios para atender exclusivamente compradores de imóveis de alto padrão.
“Além do consumidor, o que ocorreu do lado do empresário, do incorporador, do mercado?”, questiona Naufel. “Saímos da pandemia com uma inflação de custos absurda e um descompasso entre oferta e demanda, principalmente dos insumos de construção, bagunçando todos os orçamentos e a viabilidade dos incorporadores. Quanto maior o padrão do empreendimento, menos difícil fazer esse repasse do aumento de custos. O empresário viu no altíssimo padrão um escape para conseguir recuperar pelo menos parte das margens”, explica.
Discutindo o que diferencia um imóvel de alto padrão, Arthur Monnerat, da Lindenberg, apontou que “o imóvel é uma experiência de luxo que você consegue resgatar o seu dinheiro de volta, diferente de uma viagem – ou é algo que vai durar para o resto da vida”. Para ele, o comportamento do consumidor mudou no sentido de passar a valorizar esses imóveis como um investimento. “Na minha interpretação, saímos da pandemia com mais apreço pelo ambiente da casa onde residimos. E depois é consolidada essa questão de que um imóvel de alto padrão é uma experiência de luxo, mas é uma experiência mais segura do ponto de vista do patrimônio”, explica.
Já Fábio Tadeu Araújo, da Brain, aponta que o crescimento do segmento se relaciona com a busca pelo bem-estar. “Durante a pandemia, quem tinha condições começou a comprar imóveis – nunca se vendeu tanto lote de lazer e apartamento de praia como nos dois primeiros anos de pandemia. E isso teve uma continuidade. Faço uma brincadeira que as pessoas ficam com ‘inveja’. Mas é que elas realmente percebem um aumento na qualidade de vida dos outros (que compraram imóveis de alto padrão)”, diz. Fábio ainda cita a atratividade da fachada como um elemento que faz diferença para esse consumidor.
Cyro Naufel, da Lopes, aponta que, 30 anos atrás, o conceito de imóvel de alto padrão era ser bem localizado e também ser grande. “Antigamente, alto padrão queria dizer que o apartamento é grande. E isso é a primeira coisa que mudou. Hoje, talvez todo apartamento grande seja de alto padrão, mas nem todo imóvel de alto padrão é grande. Você tem produtos compactos que são de alto padrão. Mas a localização continua sendo um ponto principal”, afirma.
Fonte: Estadão